A “máquina” da minha sobrinha

A minha sobrinha fez 15 anos e a família resolveu presenteá-la com uma “máquina fotográfica”. Como eu estou envolvido com fotografia me pediram para escolher uma câmera que lhe permitisse tirar fotos com “melhores” que aquelas que ela já obtinha com o telefone móvel.

Quando comecei a pensar no assunto, me dei conta que, até recentemente, nunca tinha realmente “escolhido” conscientemente uma câmera fotográfica.

A minha primeira câmera fotográfica foi uma Voitghländer VITO CSR. Minha mãe sempre gostou de tecnologia e resolveu usar suas economias para comprar uma “máquina” fotográfica para a nossa casa. Foi a uma loja e ao invés de comprar uma câmera simples com poucos ajustes, o que hoje se chama point and shoot, comprou uma câmera com ajustes manuais e com um sistema de foco nada intuitivo. Para um garoto de onze ou doze anos era uma dificuldade lidar com a câmera. Ao fim e ao cabo acabou por ser uma boa escolha e que, depois de muita tentativa e erro, permitiu tirarmos fotos bastante aceitáveis e teve uma vida útil bastante longa. Ainda tenho esta câmera e está em bom estado.



Muitos anos depois, em 1986, um amigo viajou à Zona Franca de Manaus e trouxe a meu pedido uma câmera Cannon AE1 Program que, segundo o vendedor lhe havia dito era o último lançamento da Cannon. A câmera é realmente excelente, permite usar lentes tipo baioneta com encaixe FD da Cannon e traz muita eletrônica embarcada. No modo program funciona como uma câmera automática, mas há possibilidade de fotografar em modo manual. O problema é que só funciona com bateria, sem ela a câmera para. Esta câmera é bastante robusta e ainda está em perfeito estado. Claro que quando houver problema nos componentes eletrônicos servirá apenas para decoração. Utilizei-a seguidamente por mais de vinte anos com apenas duas lentes, uma de 50mm e outra tele 70-300mm.



O advento das câmeras digitais não me fez trocar de câmera. Todos os artigos que lia diziam que a qualidade das fotos era muito inferior as das câmeras analógicas, mas que o progresso era muito acelerado e que em pouco tempo tomariam o lugar daquelas.

No final de 2008, li uma resenha sobre o lançamento da Panassonic DMC-FZ28 que exaltava a qualidade de suas fotos e a possibilidade de ser utilizada por amadores “sérios” permitindo a utilização de pré definições e controle manual além de zoom de 18X. Nesta época eram chamadas de ultrazoom e a lente era Leica o que dava certa credibilidade ao produto. Pedi a um amigo, que era um fotógrafo muito mais experiente que eu, e que ia para os EUA para comprar esta câmera e utilizá-la durante a viagem para me dar seu veredicto. Ele aprovou a minha aquisição e usei esta câmera durante um bom tempo. Ela ainda está em perfeitas condições e tira fotos bastante boas para uma câmera que tem “apenas” 10 Mpixels. Como podem ver esta foi a primeira câmera que escolhi. Mas continuava sem conhecimento fotográfico suficiente para saber exatamente do que precisava nem o que queria fotografar.

Em 2012 resolvi fazer o Caminho de Santiago a partir da Cidade do Porto, em Portugal. Queria uma câmera pequena e simples para fotografar no trajeto, dei uma olhada no que havia de novidade no mercado e acabei optando por uma Sony DSC-WX100, de 18 MPixels e com zoom ótico de 10X.

Em 2015 fomos em família aos EUA e resolvi comprar uma câmera digital mais “avançada”. Na loja acabei por escolher um kit da Nikon D3200, uma câmera com 24 Mpixels, que trazia uma lente 18-55mm e outra 55-200mm. Durante a escolha do equipamento a vendedora me mostrava câmeras melhores, logicamente com preços maiores, e contava a vantagem de cada uma delas, eu não era capaz de compreender quase nada do que ela dizia. A minha filha mais nova que estava por perto ponderou sabiamente do alto dos seus quinze anos: “Pai porque você vai comprar um equipamento mais caro se você não sabe usar, faz um curso de fotografia.” Foi aí que tudo começou.

 

Comentários

  1. Olá Eduardo! Já conhecia alguns de seus trabalhos, mas fiquei maravilhado com tudo que vi aqui. As técnicas que você exibe, associadas à uma sensibilidade ímpar resultam num agradável passeio pelo seu trabalho. Estou sinceramente impressionado e, mais ainda, extremamente orgulhoso.
    Beijos do seu irmão, George

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  2. Obrigado meu irmão. Só hoje vi o teu comentário. Muito bom o teu texto, acho que você deveria escrever mais. Beijo

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