Especulações sobre o futuro

Vou iniciar esta postagem mostrando 4 fotos minhas.
Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Eduardo França, 2021
Times Square, Nova York, Eduardo França, 2021
Vista do Porto a partir de Vila Nova de Gaia, Eduardo França, 2021

Capela do Sr, da Pedra, Vila Nova de Gaia, Eduardo França, 2021


São imagens comuns, que poderiam ser feitas por qualquer turista que estivesse visitando estes lugares, 2 imagens panorâmicas e duas no formato 5” x 7”. A princípio não há porque dar-lhes algum destaque.

Vajamos! Um amigo postou num grupo as fotos abaixo obtidas por 5 gerações de iPhones.

https://www.dxomark.com/disruptive-technologies-mobile-imaging-taking-smartphone-cameras-next-level/

De pronto é impressionante a melhoria da qualidade da imagem obtida pelo telemóvel da Apple. Porém, olhando para estas imagens começamos a refletir e a especular.

Até agora, o instante que o fotógrafo aperta o botão que abre o obturador é um momento especial onde seleciona o espaço e o tempo que estará eternizado naquela imagem fotográfica. Este é poder do fotógrafo e é intransferível. O fotógrafo escolheu o instante exato, nem um segundo a mais ou a menos, e o cenário preciso que irá transmitirá sua mensagem, nem um centímetro para um lado ou paro o outro. E tudo isto só ocorre quando ele pressiona o obturador.

A partir do momento em que estas “mini-câmeras” conseguem produzir imagens fotográficas comparáveis as das atuais câmeras fotográficas dedicadas, digamos assim, poderemos ter imagens de qualidade de diversas fontes, como produzidas pelo Google 3D, e em tempo real, com diversos ângulos, como quando abaixamos ou levantamos a câmera, podemos ter imagens de cima como nos drones atuais, enfim, poderemos ver qualquer canto do planeta a partir do nosso ecrã. Talvez até tenhamos que fazer pagamento mensais para fornecedores que produzam imagens com maior qualidade. Ou então tenhamos o direito de utilizar uma câmera móvel do fornecedor de imagens X por 30 minutos tendo total controle do seu posicionamento.

Num cenário deste tipo a atuação do fotógrafo continuará sendo a mesma, a sua criatividade é que elegerá o cenário e o instante que será eternizado na fotografia. O fotógrafo de vida selvagem vai fotografar um leão bebendo água e olhando para a câmera não a cem metros com uma objetiva, mas milhares de quilômetros sentado em sua mesa de trabalho, ou na piscina com seu telemóvel. 

O fotógrafo de paisagem vai fazer o que eu fiz com o Google Maps e com o Photoshop. As quatro imagens foram produzidas em alguns minutos, em lugares tão distantes como o Porto, Rio de Janeiro e Nova York em alguns minutos.

A desvantagem é que alguém pode usar o REWIND e fazer a mesma foto que você fez. Talvez aí o importante seja ser o primeiro, mas também de alguma forma isto já é assim hoje, só será mais acelerado.

Da mesma forma que não viajamos mais para reuniões também não precisaremos viajar para fotografar. Acho que vai ser mais chato. Aproveitemos para fazer nossas excursões fotográficas enquanto o futuro não chega.

Vila Nova de Gaia, 12 de julho de 2021
Eduardo França

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